A relação já há muito tempo que estava a arrefecer. Havia qualquer coisa no ar, para além da música do Phil Collins que ela insistia em ouvir repetidamente. Seria um pronuncio de morte do namoro?
Ela queixava-se daqueles finais de Sábado, sempre passados no mesmo parque de estacionamento, que com mais ou menos discussão, acabava sempre no mesmo.
Ela estava farta, queria dar o próximo passo. No fundo ele sabia que ou evoluía ou a relação morria.
Foi por isso que nesse dia decidiu fazer-lhe uma surpresa: marcou um quarto para aquele hotel perto do parque. Aquele que tinha uma vista fabulosa sobre o mar. Aquele que ela estava sempre a falar: da vista e de como deveria ser fantástico estar lá no abrigo dos lençóis com a tempestade invernal lá fora. “Vai valer a pena o dinheiro que gastei no hotel “- pensou ele. Afinal, o que ele fez foi evitar o concerto mecânico do velho Corsa que teimava em aquecer.
- Para onde me levas? Perguntou ela.
- Já vais ver. É uma surpresa. Disse ele com um sorriso convencido.
- Mas este é o caminho para o parque. Retorquiu ela, já com um ar de enjoada.
- Também é. Respondeu ele com um ar enigmático.
A temperatura subia, não era só a dele, o termóstato do carro já há muito vinha no vermelho.
“Só mais um pouco”, implorava ele ao carro. Este não lhe fez a vontade. Talvez porque o velho radiador necessitava mesmo de ser substituído. Ou talvez porque o carro já não aguentava mais do que aquele percurso até ao parque. Pois foi aí mesmo que ele ficou.
- Eu sabia. Disse ela possessa da vida.
Saiu e bateu a porta com violência. Acendeu um cigarro e aí ficou de costas para o carro. Ele, não queria acreditar no que tinha acontecido. Ficou a olhar para ela lá fora, a fumar.
Estava com aquela saia curta que, tanto jeito dava. Reparou que hoje tinha apenas a blusa sobre o corpo. Ele também começou a aquecer. Fez-se homem e saiu.
Quando chegou ao pé dela, reparou melhor no decote, deixava antever os seios. Perfeitos. E naquela saia as suas coxas eram afrodisíacas. Ela reparou no olhar dele. Baixou a guarda, deitou fora o cigarro e como se já não houvesse amanhã, beijou-o sofregamente.
Ele num gesto repentino agarrou-a pelas ancas e empurrou-a contra o carro. Possui-a ali mesmo. Nunca tinham feito sexo desta forma. Como ela gritava, toda ela era movimento.
- Despacha-te. Gritou!
Mal ele terminou, ela levantou-se num salto e exclamou:
- A porra do capot está a escaldar! Disse ela.
“Afinal o radiador do carro, no seu último suspiro, ainda me ajudou”. Pensou ele
Contam-se muitas lendas urbanas sobre a origem deste nome, vão desde a designação atribuída ao filho mais velho de um casal de comunistas na exRDA (Alentejana), até ao modo como um Mouro que trocava os Bês pelos Vês se referia ao Barão Vermelho. Nós cremos acreditar que se trata de um varão de inox duma respeitável "Casa de Chá” utilizado em descidas acrobáticas por uma artista dotada de alguns talentos que estava num daqueles dias… desde aí se mantém de um vermelho mercurio-cromo imaculado!
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