quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Sabor a Caramelo



É domingo de tarde.
Não me estou a concentrar, não consigo estar ao computador a escrever, nada me sai direito.
Preciso de sair. Apanhar ar.
Saio.
Levo-te comigo a passear, não querias, bem sei, sentada ao meu lado, encolhida sem te mexeres muito, conduzo devagar para te perturbar pouco.
Pelo caminho observo-te enquanto olhas vazia para os lugares que te são familiares. Olhas o céu. Chegados à praia, tu não sais, não queres sair eu sei, eu não insisto e trago-te um gelado de caramelo que sei nunca recusas nunca não te apetece. Acabas por adormecer ao sol, esquecendo por momentos as dores e os pensamentos baralhados e tudo o que o teu subconsciente te bombardeia à laia de preocupações. Velo por ti com o meu olhar e delicio-me com a nódoa de caramelo que deixaste cair nesse vestidinho levezinho e branco, que faz de ti a garota que nunca deixaste de ser. Nunca o deixes.
Nem deste conta quando chegaste a casa.
Maneirinha como és, e apesar das minhas próprias maleitas, entro no teu quarto contigo ao meu colo, deito-te devagar, qual pena que aterra do seu voo livre.
Sem te acordar descalço-te, beijo-te os pés e cubro-te com uma manta, quente e macia, cheia de pelos do gato, que já se apronta para ocupar o seu lugar.
Assim como quando entrei, desfaço-me em fumo, pois sou afinal um sonho confortável e quente que tiveste ...
No meu último olhar, antes dos meus olhos se diluirem no  éter, ainda consegui um ténue vislumbre de um sorriso de felicidade ...
Volto para o fumo de onde nunca saí.