segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cópias fora de horas





Ela era o patinho feio do escritório.


Talvez esta imagem até lhe era elogiosa a avaliar pela sua figura: estatura mediana, sem formas femininas definidas, cabelo mal-arranjado à rapaz, uns pelos que teimavam em aparecer no buço, óculos de lentes e armações e grossas, roupas largas e de alguns séculos atrás, falta de amor-próprio. Falta de amor de uma forma geral.



No escritório existia um clima de promiscuidade que lha passava ao lado. Apesar de sonsa, sabia bem que havia muitos esquemas que por ali pululavam. O clube dos solteiros divorciados e malcasados era numeroso e muito activo. Nunca sequer foi abordada, nem alvo de um mais pequeno assedio. Era assim a sua triste vida.


Certo dia depois de ter saído do escritório, em último lugar como era habitual, chegou ao carro e lembrou-se das cópias que esteve atirar durante a tarde.


- Oh raios, pensou ela, deixei as cópias na bandeja do papel para reciclar.


Voltou atrás e nem se deu ao trabalho de acender as luzes. A iluminação do parque de estacionamento entrava pela superfície envidraçada do “open space”. Daí até à sala de cópias era um salto. Entrou a tactear pelo interruptor e agarrou algo carnudo e quente. O grito foi abafado por uma mão. Uma voz disse-lhe:


- Não grites querida, sou eu. Disse a voz que lhe era conhecida.


Antes de sequer poder raciocinar, o homem da voz beijo-a sofregamente enquanto a envolvia com as suas mãos quentes, acariciando-lhe os seios as pernas e as coxas. Sentiu-se invadir por uma onda de calor e decidiu retribuir os beijos e carícias que aumentavam de ritmo. Sentiu-se ficar desnudada e sentiu o calor do corpo dele contra o seu. De repente estavam a fazer sexo em pé de encontro à fotocopiadora. Não sabia que ele era, mas isso também não interessava nada. Já há muito tempo que não se sentia assim tão mulher. Sentiu que se estava a atingir o clímax. Então uma onda tsunamica atravessou o corpo dela. Termia. Ele também ficou muito quieto e hirto. Esmagando-a conta a fotocopiadora.


- Ai querida – disse ele – nunca te tinha sentido assim.


Nesse momento acende-se a luz, observam-se admirados e mais admirada estava a colega dela de secretária.


- Que o que é que vem a ser isto, exclamou, combinas comigo aqui e lá porque me atrasei decidiste papar essa choninhas? Tchau, disse ela batendo a porta.


- Mas que surpresa, disse ele a rir. Melhor, mas que revelação.


Ela sorriu e respondeu-lhe: já acabaste ou ainda podemos continuar?


Posted by Picasa

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