domingo, 21 de outubro de 2012

A mulher a dias


Ela entra vestida de bata verde de empregada de limpeza, com nódoas, e o cabelo num desalinho, cheirava a transpiração e a lixívia da loja dos trezentos.
Ele olha para ela, sentado na sua cadeira de couro e com o seu Armani a tresandar a perfume, e continua a teclar no computador.

- Posso despejar o lixo?

Era uma empregadita qualquer, mas não se lembrava desta, seria por certo nova ou vinha fazer o serviço de uma outra que tinha inventado uma desculpa da treta para não vir trabalhar.

A cena repetiu-se mais algumas vezes, algumas vezes, em outros dias.

Um dia, não que fosse de meter conversa com os subalternos, ainda para mais de um a empresa de fora, mandou-lhe uma boca qualquer, pois já não estava a conseguir manter a pose de cada vez que ela chagava a transpirar, com a tatuagem do pé e na canela a meter-se consigo e a deixar-lhe os pirolitos da cabeça em banda.

Ela também não se fazia rogada e olhava para ele com ar de quem o comia todo, ele não era mal parecido e aquele cheirete a perfume caro tirava-a do sério, fazia-lhe palpitar as carnes e enervar os joelhos.

Naquele dia, não muito diferente dos demais, deixou-se ficar até mais tarde. Como sempre avisou o segurança e lá combinaram uma hora para ele fechar o edifício.

Não se conseguia concentrar no que estava a fazer, aquele relatório mensal estava-lhe a entrar no nervoso miudinho, simplesmente não estava a conseguir, nas narinas ainda conseguia sentir o cheiro da lixívia e da transpiração.

Resolveu olhar para o papel outra vez e de um ímpeto deu-lhe um toque para o telemóvel. Ela sem se fazer rogada apareceu-lhe no gabinete com a bata cheia de nódoas e a tresandar a transpiração e a lixívia rasca  e sem quase nada por baixo.

Trancaram as portas, baixaram as luzes e correram as persianas, para se adivinhar um pouco menos, pelo menos para fora, não fosse o segurança fazer uma não programada ronda, e quase como se estivessem preocupados com o pudor e a decência do que se iria passar a seguir.
Atiraram-se  um para os braços do outro, mas também para as coxas e as costas o peito, ou os peitos, ele mal sem despir o fato e a gravata e ela só com a bata meia enrolada para cima.
Ela ajoelho-se frente a ele na cadeira de pele para lhe acender convenientemente o rastilho depois de costas ela sentou-se em cima e aproveitando o pneumático da cadeira subiram e desceram sem fazer esforço.

Ele atirou-a para cima da secretária e chupo-a com força para constatar que era mesmo esse o cheiro transpirado que tinha sentido, cheiro intenso e sabor áspero como gostava. Enterrou-se nela com força e premeditação. Ele dobrou-a sobre a secretária e ela agarrada ao tampo segura os impulsos dele. A seguir senta-se na beira da secretária e ele sem desarmar, e ainda sem tirar o fato, entra e reentra nela como se tivesse a matá-la à facada.
O fato seria Armani ou assim, e ele era o oposto dela, pois depois de tanta refrega ainda transpirava o perfume que tanto a deixava louca.

Consumou-se no seu peito depois de o ter feito um sem numero de vezes, talvez mais do que as vezes que ele se forçou para dentro dela, mais do que as que estava a contar por certo.

Sem trocar palavras, limparam-se e ela saiu.

Ele enviou o relatório conforme estava e desligou o computador.

O fato foi para a lavandaria no dia seguinte e eles nunca mais se viram, pois ela no dia seguinte estava a trabalhar noutro local, a substituir mais uma colega que tinha faltado, e ele tinha sido chamado à administração apresentando-se um dia depois nos escritórios de Antuérpia para um cargo de chefia.