Ela entra vestida de bata verde de empregada de
limpeza, com nódoas, e o cabelo num desalinho, cheirava a transpiração e a
lixívia da loja dos trezentos.
Ele olha para ela, sentado na sua cadeira de couro e
com o seu Armani a tresandar a perfume, e continua a teclar no computador.
- Posso despejar o lixo?
Era uma empregadita qualquer, mas não se lembrava
desta, seria por certo nova ou vinha fazer o serviço de uma outra que tinha
inventado uma desculpa da treta para não vir trabalhar.
A cena repetiu-se mais algumas vezes, algumas vezes,
em outros dias.
Um dia, não que fosse de meter conversa com os
subalternos, ainda para mais de um a empresa de fora, mandou-lhe uma boca
qualquer, pois já não estava a conseguir manter a pose de cada vez que ela
chagava a transpirar, com a tatuagem do pé e na canela a meter-se consigo e a
deixar-lhe os pirolitos da cabeça em banda.
Ela também não se fazia rogada e olhava para ele com
ar de quem o comia todo, ele não era mal parecido e aquele cheirete a perfume
caro tirava-a do sério, fazia-lhe palpitar as carnes e enervar os joelhos.
Naquele dia, não muito diferente dos demais, deixou-se
ficar até mais tarde. Como sempre avisou o segurança e lá combinaram uma hora
para ele fechar o edifício.
Não se conseguia concentrar no que estava a fazer,
aquele relatório mensal estava-lhe a entrar no nervoso miudinho, simplesmente não
estava a conseguir, nas narinas ainda conseguia sentir o cheiro da lixívia e da
transpiração.
Resolveu olhar para o papel outra vez e de um ímpeto deu-lhe
um toque para o telemóvel. Ela sem se fazer rogada apareceu-lhe no gabinete com
a bata cheia de nódoas e a tresandar a transpiração e a lixívia rasca e sem quase nada por baixo.
Trancaram as portas, baixaram as luzes e correram as
persianas, para se adivinhar um pouco menos, pelo menos para fora, não fosse o
segurança fazer uma não programada ronda, e quase como se estivessem
preocupados com o pudor e a decência do que se iria passar a seguir.
Atiraram-se um
para os braços do outro, mas também para as coxas e as costas o peito, ou os
peitos, ele mal sem despir o fato e a gravata e ela só com a bata meia enrolada
para cima.
Ela ajoelho-se frente a ele na cadeira de pele para
lhe acender convenientemente o rastilho depois de costas ela sentou-se em cima
e aproveitando o pneumático da cadeira subiram e desceram sem fazer esforço.
Ele atirou-a para cima da secretária e chupo-a com
força para constatar que era mesmo esse o cheiro transpirado que tinha sentido,
cheiro intenso e sabor áspero como gostava. Enterrou-se nela com força e
premeditação. Ele dobrou-a sobre a secretária e ela agarrada ao tampo segura os
impulsos dele. A seguir senta-se na beira da secretária e ele sem desarmar, e
ainda sem tirar o fato, entra e reentra nela como se tivesse a matá-la à
facada.
O fato seria Armani ou assim, e ele era o oposto dela,
pois depois de tanta refrega ainda transpirava o perfume que tanto a deixava
louca.
Consumou-se no seu peito depois de o ter feito um sem
numero de vezes, talvez mais do que as vezes que ele se forçou para dentro dela,
mais do que as que estava a contar por certo.
Sem trocar palavras, limparam-se e ela saiu.
Ele enviou o relatório conforme estava e desligou o
computador.
O fato foi para a lavandaria no dia seguinte e eles
nunca mais se viram, pois ela no dia seguinte estava a trabalhar noutro local,
a substituir mais uma colega que tinha faltado, e ele tinha sido chamado à
administração apresentando-se um dia depois nos escritórios de Antuérpia para
um cargo de chefia.