segunda-feira, 7 de março de 2016

no café









Ela chegou-se ao pé dele e de rosto todo iluminado perguntou: Bom dia! Cafézinho?
Ele levantou os olhos do livro e respondeu: Sim, cheio se faz o favor.
Ela manteve o sorriso que lhe iluminava os olhos voltando-se de regresso ao balcão, ele baixou os olhos à leitura por um instante e ainda sem tocar no livro, de novo os levantou e observou o movimento do corpo nada atractivo daquela mulher, uma espécie de tronco abarrilado sem formas, apenas um deprimente pneumático a toda a volta, expressão feminina nula, um rabo do qual não se conseguia perceber a existência, quais formas “garrafa de coca-cola” qual carapuça, o seu trazeiro não passava disso mesmo até porque ficava algures, atrás, arrependido ficou de olhar.
Curioso, depois desse breve instante, o de olhar e reflectir, viu-se agarrando-a por de trás, no roço da carne, os dois corpos colados, apertando-a contra si, enquanto ele lhe puxava o rosto para lhe ver a expressão de um possui-me, come-me já!

Voltou à leitura sacudindo a ideia da cabeça.
Tinha almoçado mal, ainda tinha fome por certo.