Contam-se muitas lendas urbanas sobre a origem deste nome, vão desde a designação atribuída ao filho mais velho de um casal de comunistas na exRDA (Alentejana), até ao modo como um Mouro que trocava os Bês pelos Vês se referia ao Barão Vermelho. Nós cremos acreditar que se trata de um varão de inox duma respeitável "Casa de Chá” utilizado em descidas acrobáticas por uma artista dotada de alguns talentos que estava num daqueles dias… desde aí se mantém de um vermelho mercurio-cromo imaculado!
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
A cabine
Aquela cabine, perdida num entroncamento de ruas à saída da vila, exercia sobre ele um fascínio indescritível.
Conhecia desde miúdo. Crescera com ela.
Tal como a namorada. Conhecem-se desde pequenos, a bem dizer os pais também se conheciam em crianças. Pensando bem talvez mesmo até os avós eram amigos desde pequenos.
É assim a vida no interior. Todos se conhecem e a vida desenrola-se num guião predestinado. Isso não o incomoda, de certa forma até o tranquiliza. Não há surpresas, pelo menos desagradáveis. A vida corre o seu curso normal. Como as estações.
Para o ano irá casar. Isso não o incomoda, tão pouco deixa-o exuberante.
Já algum tempo que a vida intima entre eles deixou de ser novidade. Também isso não fugiu à normalidade, ou tão pouco o deixou nas nuvens. Tornou-se rotina após as idas ao Pub aos sábados.
Mas havia qualquer coisa que o deixava acelerado: aquela cabine telefónica. Aquela cabine exortava os seus desejos mais eróticos. Tinha de a levar lá.
A oportunidade surgiu num dos regressos de uma ida ao Pub, o velho Austin começou a soluçar. Até que parou.
- Esta agora. Disse ele.
- O que é que se passa? Perguntou ela.
- Acho que o inverno deu cabo da bateria. Respondeu ele.
- E agora? Questionou ela?
- Bom, vamos ver se alguém passa, ou então teremos que chamar alguém para nos ajudar. Concluiu ele.
O tempo passou e não havia sinal de qualquer vivalma.
- Temos de ir a pé até à velha cabine telefónica e ligar para os pais. Disse ele.
Ela concordou e meteram-se a caminho. Quando lá chegaram, ele disse-lhe para entrar também, estava frio lá fora. Ela entrou.
Foi aí que ele percebeu que estavam na cabine dos seus desejos. Estavam esmagados um contra o outro. Riram-se da situação. Ele olhou para ela. De repente era como se não a conhecesse.
Reparou então que os seus olhos eram lindos, os lábios carnudos tinham um ar sequioso. Sentia o peito dela de encontro ao seu, parecia que estava arrepiada com frio. Sentiu as coxas quentes dela. Ficaram-se a olhar. Até que ele largou o auscultador do telefone e a agarrou ainda mais de encontro a si. Beijaram-se descontroladamente. Era como que uma vaga de insanidade os percorresse. As mãos de ambos perdiam-se por aquela malga de corpos. Sem saberem como já estavam semi-despidos e amando-se. Como nunca se tinham amado. Quando de repente o mundo explodiu, ele agarrou-a pela cintura com todas as forças que tinha, ela agarrou-lhe as faces e olhou-o fixamente antes de explodir num grito de êxtase.
Ficaram fixamente a olhar um para o outro sem saber o que dizer.
Acabaram por sorrir e trocar um beijo cúmplice. Doce.
Naquela cabine, perdida à saída da vila, descobriram-se.
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