sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Clotilde Maria





Qual dos lábios queres que te morda primeiro?


Foi o que bastou ouvir para se perder
Ainda não suspeitava que
Levando-a a sério na resposta
Deixou que os seus incisivos mordessem
Ao de leve e
Arrastadamente cada
Um dos seus lábios e com os seus lábios
Arrastou um chupar meloso de quem não quer sair dali ...


Seguiu-se o desencadear de explosivas reacções da química, e também da física, que a deixavam sempre sair de si própria como ainda esta fosse a primeira vez... ainda mais, com este rapaz que, não sendo bonito era, 
pelo menos, dedicado e insistente, valha-nos ao menos isso, pensou.

Foram crescendo entre gemidos carregadamente pronunciados e ... inaudíveis... e ...
Já era tarde para parar, no orgasmo que se seguiu de dois corpos fundidos, derretidos um no outro, enlameados de fluídos, quase que individualmente anulados mas ao mesmo tempo... um em cada um e o outro fundidos.

Adormeceram.

Não sabe como conseguia sequer pensar, extenuada que estava mas a sua mente vagueava, pela memória de uma praia, uma praia que já não tinha a certeza se sonhava ou era real, uma praia a perder de vista, de areia tão branca que incandeava o olhar, longas palmeiras, um oceano tão azul quase sem ondas em que o horizonte não se consegue ver onde começa o céu e o oceano e ela, ali a viver de quase nada, o dia de fato de banho e pareo e chinelinho de dedo de cores garridas, e as mãos ocupadas com pequenos afazeres de colares de conchas que encontrava no espreguiçar da rebentação das ondas, tardes a sorver sumos de frutos ligeiramante alcoolizados,  enquanto lhe sorvem o néctar do corpo, lábios lindos e linguas quentes umas a seguir às outras ... e de lábios rubros que não em bocas, e sucos quentes escorrendo ...
... e sem se dar conta, o oceano tinha recuado muitos metros, e fazia-se ouvir um ensurdecedor silêncio seguido de um som estranho... 
parecia de água em movimento.



O nome original para o que se passou a seguir é japonês.



Tsunami.