Contam-se muitas lendas urbanas sobre a origem deste nome, vão desde a designação atribuída ao filho mais velho de um casal de comunistas na exRDA (Alentejana), até ao modo como um Mouro que trocava os Bês pelos Vês se referia ao Barão Vermelho. Nós cremos acreditar que se trata de um varão de inox duma respeitável "Casa de Chá” utilizado em descidas acrobáticas por uma artista dotada de alguns talentos que estava num daqueles dias… desde aí se mantém de um vermelho mercurio-cromo imaculado!
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
A lente de contacto
Ela estava na empresa ao abrigo de um programa de intercâmbio com outras delegações, da empresa na área internacional. Ela era uma morena de cortar o fôlego. Linda de morrer. Aquela pele morena, que ela tão bem fazia a gestão do que era amostrável ao público, aquele corpo torneado em volta da cintura, donde uma linha de simetria estabelecia o busto e as ancas. Aquele seu andar bamboleante, como que embalar o corpo numa dança sensual. Até os seus cabelos negros tinham um reflexo indescritível quando o sol lhe batia. Batia forte no seu coração. Cada vez que ela vinha ao seu gabinete, o mundo parava, as frases transformavam-se em monossílabos. Ela, educadamente sorria e completava as frases com uma voz suave que ainda o deixava mais babado. Pensava como era triste a figura que fazia, que ela deveria achar que ele era um totó. Ele sabia que alguns dos seus subordinados, garotos mais novos já a tinham assediado. A todos ela manteve distância não lhes dando qualquer hipótese. Achava que as suas hipóteses eram nulas.
Certo dia ele teve que ficar até mais tarde, tinham uma proposta para entregar e o trabalho estava atrasado. Em bom rigor ela tinha resvalado nas datas. Ele ficou para a ajudar. Estava tão concentrado no trabalho que nem ficou nervoso ao pé dela. Foi então que deu conta que estavam os dois, lado a lado a trabalhar. Estavam tão próximos que, sentia o cheiro da pele dela. Talvez até o bater do coração. Encheu-se de confiança. Terminaram a proposta e deram um grito de vitória.
- Conseguimos acabar! Exclamou ele.
- Uff, estava difícil, respondeu ela. És o máximo! Acrescentou.
De repente ficaram calados a olhar um para o outro e ela baixou-se de repente e disse:
- Oh! Que chatice, caiu-me uma lente de contacto.
Ele abaixou-se também para ajudar a procurar.
- Não vejo nada no chão, disse ele.
- Talvez tenha saído do sítio, disse ela. Podes dar uma olhadela para dentro do meu olho?
- Deixa que eu seguro a pálpebra, acrescentou ele.
A pele dela era macia como seda, suavemente, ele segurou a pálpebra na esperança de ver a lente deslocada. Segurou melhor o rosto dela com ambas as mãos, então deu-se conta que os seus rostos estavam a centímetros um do outro. Ela então disse-lhe:
- Porque é que não fazes o que lhe apetece fazer?
Ele beijou-a sofregamente, ela retribuiu o beijo. As mãos dele vagueavam pelo corpo dela, ora suavemente ora de forma mais bruta. A mão dela, de forma decidida, desbotou-lhe a camisa e ajudou-o nos fechos mais difíceis. Amaram-se ali mesmo. No chão. Num rebolar constante contra os móveis do escritório. Acabaram em clímax perto da entrada do gabinete dele. Ficaram em silêncio durante algum tempo, até que ela se levantou, compôs-se e disse:
- Querido, poderíamos ir até à tua casa?
- Sim… claro! Respondeu ele a arranjar-se.
A viagem até casa correu entre sorrisos cúmplices. Em casa dele rapidamente exploram o quarto, a cama e acabaram outra vez amando-se. No final ela aninhou-se nele e preparou-se para dormir. Então ele rematou.
- Mas querida e a tua lente de contacto?
- Mas querido, eu não uso lentes de contacto. Respondeu ela.
Text by TALI BAN LACRAU
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