terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Capôt Erotique


Mais uma noite em que acordou sobressaltado, com a respiração ofegante e o corpo melado e encharcado em suor.
O mesmo sonho húmido dos últimos dias parecia persegui-lo como se de uma assombração se tratasse ou uma perseguição por um cão feroz ou um alien daqueles cheios de dentes e que babam uma cena ácida qualquer.
Não se lembrava sempre, nem se lembrava de todas as vezes, do sonho todo, apenas pedaços desordenados e sem sentido, mas tinha uma ideia do quê, do onde, e com quem, e com algum esforço reconstruiu um croqui mental do sonho. Envolve o estar a fazer o amor na beira da estrada, em cima do capôt de um Fiat 127 verde limão, com uma actriz de cinema, em plena luz do dia, e com os carros a passar.
O psiquiatra, explicou-lhe que os recalcamentos de origem sexual escondem maus tratos em criança ou adolescente, pelo pai ou um irmão mais velho, ou um tio corpulento e seboso. Contudo, o seu sonho não lhe parecia totalmente estranho, ou porque outro doente já lho tinha relatado (por certo a actriz), ou porque ele próprio, numa encarnação anterior, fora uma actriz de cinema de baixo nível, e isso até explicaria a sensação que tinha quando o via de já se conhecerem de outro local ou tempo.
Procurou na net de muitas maneiras e feitios e nada.
Um dia estava a ver televisão, coisa rara, e numa série cómica qualquer viu uma actriz cuja cara lhe soou familiar. Procurou saber o nome da tipa e foi à net procurar outra vez e descobriu que a actriz, Ana Zanatti, tinha participado no filme “O Lugar do Morto”.

http://www.youtube.com/watch?v=UUyT-JZGJcM&feature=related [aprox. minuto 23]

Viu o filme e ficou pior, os sonhos ou pesadelos voltaram e ele não sabia mais o que fazer.
O “psi” ainda lhe sugeriu que fosse um dia à noite com um carro e a namorada e fizessem amor ali no sitio.
Isso havia de ter sido interessante, ... sobretudo se tivesse namorada.

Ainda chegou a falar com a agente da Ana Zanatti e o que conseguiu foi ter a policia à espera à porta de sua casa para lhe fazer perguntas tomando-o por um perigoso homicida, psicopata e teve de dar longas e demoradas explicações e direito a uma avaliação psiquiátrica…
Uns dias depois tinha uma ordem de tribunal que o impedia não só de estar perto dela como de telefonar, mandar e-mails ou mesmo ver as séries e programas, ou de participar assistindo a peças de teatro, e assim …

O “psi” a seguir sugeriu-lhe que ele pagasse a uma mulher da vida.
Ele bem que tentou mas, por um lado não encontrou nenhuma que se assemelhasse para tornar o “fetiche” perfeito, e por outro, as poucas a quem chegou a vias de facto o mandaram à fava, uma até lhe deu um par de tabefes.

Um dia o “psi” falou-lhe na sua assistente, a Alzira.
A Alzira era uma miúda roliça, tipo bola de Berlim, muito simpática e amorosa e prestável, mas que por ser assim redondita tirava a qualquer homem outras vontades que não fossem a de ir à consultas de “psi”.
Ele não disse que não e o “psi” abordou o assunto com a Alzira. Ela não respondeu logo mas na sessão seguinte, antes de ele entrar olhou-o com outro olhar, acercou-se dele e disse-lhe que saia à 20H00 e se ele quisesse podiam ir tomar um copo e falar melhor no assunto.
Era sexta à noite e foram tomar um copo ao “Fustiga-me!” um bar de bichonas à beira da praia, que pelos vistos ela conhecia bem e que, aqui podiam falar à vontade, sem que ninguém os incomodar.
Falaram boa parte da noite, dançaram, conheceram-se melhor e, resolveram então dar corpo ao sonho do rapaz mesmo porque, a rapariga já ninguém a montava desde tempos imemoriais … e estas oportunidades não se desperdiçam.

Estacionou o carro na berma do IC1 (antiga variante da N109), um pouco antes da Volvo, num local onde existia uma bomba de gasolina.

Ela sentou-se no capot ainda quente, subindo um pouco a curta saia e começou a refrega.
Ele nunca se tinha sentido assim, e por momentos fingiu imaginar que era de facto a Ana Zanatti que estava ali, e foi-lhe dando com as carnes com a necessária dose de violência e premeditação.
A Alzira deu por bem empregue a decisão de fazer a vontade ao Dr., e estava mesmo a pensar que, ...........aaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii....................depois de uma boa avaliação psiquiátrica, podia selecionar um ou outro dos seus clientes, para que lhe fizessem sentir, ainda que em parte, o que estava a sentir ali e agora, até porque ..........aaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiii ......... os orgasmos sucediam-se uns atrás dos outros, o que, pensou, é uma das vantagens de .................aaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiii........... de estar sem comer há tanto tempo.
Estava ele quase a atingir o clímax, ia ela já em mais que muitos, anunciados numa mistura de gritos e gemidos, ele até já via as cenas do filme em flashes de luzes flashes clarões estava quase quase quase eis senão quando, sai disparado para o chão, onde cai de costas, ela escorrega do capot para o chão e quando abre os olhos descobre que era a final um polícia que o puxou para trás desengatando-o da rapariga que, já sem apoio, cai redonda (como era) no chão num valente bate-cú.

Lá no chilindró foi a risota que já se adivinha, os polícias apelidaram-no de “coitus interrompidus”, excepto um rapazola maquilhado, que só sabia dizer -- que peninha, um rapaz tão bonito.
Foi liberto pelo “psi” que explicou ser um problema de saúde que foi resolvido da melhor forma, pois se não, alegou, podia este homem descambar para uma vida de criminalidade e andar por aí a violar as mulheres na beira da estrada, ou assim.

Entretanto lá voltou a tentar com a Alzira, entretanto refeita da queda, e com muito sucesso, não só no IC1, como na A1 e no IC24, na N109, e em plena A2, e N125.
Dizem que não voltam a tentar este ano porque a gasolina está cara e as portagens proibitivas, e ainda tem de mandar compor o capôt, entretanto amarrotado, mas já fazem planos para 2012, fazerem os miradouros todos da estrada da Sra. da Graça (promessa) e no túnel das Amoreiras e na N6 (na curva do Mónaco).

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